Assunção de riscos no trabalho
Assumir riscos é uma das características mais presentes em homens. Significa que uma ação qualquer pode resultar em uma consequência indesejada. Assumir o risco de fazer uma ultrapassagem antes de uma curva. Isso depende de uma série de fatores que depende da distância até a curva, da velocidade de ambos os carros, da potência do carro que vau ultrapassar, torque, e por aí vai. Pode ser uma avaliação de colocar o dedo em uma parte de máquina em operação para tirar uma sujeira que está prejudicando a operação e tantos outros exemplos.
Muita gente fala em coragem de assumir riscos, mas isso só pode ser chamado assim, se, somente se, o resultado for positivo. Se não, faz mais sentido chamar de imprudência. No mês passado (março/2025) houve no Brasil, segundo dados da Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT), um total de 16825 acidentes de trabalho. Isso significa 542 acidentes por dia, 1 a cada 3 minutos. É provável que, quando você terminar de ler esse artigo, 1 pessoa terá sofrido algum acidente. Desse total, houve 66 mortes.
As 10 atividades que registraram maior número de acidentes é mostrada abaixo, sendo comércio varejista e atividades de atendimento as 'campeãs':
Outro gráfico importante de se ver é o tipo de lesão:
E por último, qual o número de homens em relação às mulheres que se acidentaram em março/2025?
Foram 10652 acidentes de homens como vítimas : 76% a mais que mulheres (6060). A avaliação do que é perigoso é muitas vezes negligenciada a partir de uma crença, tipicamente masculina, de que 'tem que ser feito'. Isso pode se dar a partir do medo de perder o trabalho (e a consequente 'perda' do papel de provedor), do medo de ser avaliado como 'frouxo' ou algo que o valha. Isso sem contar com o fato de que o empregador, para economizar com técnicos em segurança do trabalho, com EPIs e com a perda da produção, faturamento, lucro... força o trabalhador a se colocar em situação de risco.
Um exemplo de como o empregador reage a situações de acidentes, veja como a SB Projetos e Soluções (Espírito Santo) reagiu após o acidente detalhado no processo 0001078-71.2021.5.17.00095 (TRT-17) : "que embora tenha reclamado de dor, a empresa deixou que ele fosse para casa andando e que no dia seguinte dirigiu-se ao hospital e ficou de atestado médico por meses, mas que não conseguiu se habilitar junto ao INSS para percepção de benefício previdenciário porque o órgão constatou que ele não era segurado."
Ainda: "seu superior hierárquico mandou que ele continuasse em suas atribuições". Além de negar as consequências do acidente, submeteu o trabalhador ao agravamento dos ferimentos, que eram graves, considerando o afastamento por 'meses'.
Situações como esse exemplo, mostram a gravidade da condição de atividades de risco, sem apoio dos empregadores para mminimizar os riscos, e sem apoio ao acidentado.
Para finalizar, mais um gráfico com os dados de acidentes com mortes: 61 homens de um total de 66 mortes: